Há muito tempo quero escrever as histórias mais interessantes que se passam comigo aqui na Republica Dominicana. . Tudo começou quando um dia me dei conta que não suportava mais meu trabalho como gerente comercial, queria seguir meus sonhos, trabalhar apenas com mergulho.
Mandei alguns currículos, até que fui chamado para trabalhar no México em uma empresa grande chamada Dressel Divers. A Dressel têm bases no México, Republica Dominicana, Espanha e Jamaica. Fiz minhas malas na madrugada anterior a minha vagem, meu vôo era às 7 da manha, portanto acabei não dormindo. Sai bem atrasado para o aeroporto e chegando lá, surpresa, estava no aeroporto errado. Deveria sair do aeroporto da Pampulha, e fui para Confins, que fica uns 40 kilômetros de distância. Corri como louco para chegar, e por sorte consegui embarcar com uma hora de atraso. A viagem foi bem longa, sai de Belo Horizonte, parei em São Paulo por umas 3 horas, depois na Cidade do México, sorte que tinha wisk no avião.
Na cidade do México fiquei mais umas 4 horas esperando o vôo para Cancun. Chegando em Cancun, peguei um ônibus que me levou para Playa del Carmem, cidade em que viveria. Em Playa eu ia me hospedar na casa do Mike, um instrutor de mergulho técnico que escreve para a Decostop, uma revista de mergulho que também escrevo. O mais interessante é que o Mike não estaria em casa, e também não sabia o número do prédio ou do apartamento. Ele me explicou por e-mail que tinha que chegar na rua 20 e que o prédio dele era em frente a uma antena de TV muito grande. Lá deveria gritar por seu room mate, um alemão. Depois de meia hora gritando pelo cara, já era mais de uma hora da manha, ele finalmente acordou e abriu a porta para mim. Descobri que o apartamento do Mike era no terceiro andar, tive que subir com minhas 3 malas e todo o equipamento de mergulho sozinho, pois o cara nem me ofereceu ajuda. Tomei um banho rápido e desmaiei na cama, afinal teria que me apresentar em meu novo trabalho às 9 da manhã.
No dia seguinte, tomei um café com o Alemão que me deu a chave da casa dizendo que ia viajar com uns amigos e que voltaria em 3 dias. Peguei um táxi até o hotel onde ia trabalhar e me apresentei no centro de mergulho. Atendeu-me um tal de Eduard, um belga que era chefe regional da empresa no México. Ele me pediu que esperasse um pouco pois estava muito ocupado. Uma hora depois, me chamou em sua sala e me apresentou para Iohan, um alemão de 2 metros com cara de poucos amigos. Iohan era o Chefe operacional do México. Saímos para conhecer o hotel, nunca vi alguém andar tão rápido em minha vida. Sentamos e ele começou a me explicar como funcionam as coisas na empresa e como seria um dia normal de trabalho. Até que, uma hora ele pediu meu passaporte, olhou com uma cara pensativa e me disse, André temos um problema, vamos voltar para falar com o Eduard. Chegando no escritório, ele me pediu que esperasse e entrou. Uns 40 minutos depois mandou que eu entrasse e saiu. Então o Eduard disse que meu visto era impossível ser renovado e que infelizmente seria impossível eu ficar no México, disse também que tentaria me arrumar um emprego na Dressel na Republica Dominicana, mas que não prometia nada. Pediu-me que voltasse no outro dia que ele ligaria para a matriz da empresa. Voltei para casa louco, não sabia o que fazer. Almocei no restaurante mais barato que encontrei, um copo sujo mexicano, com direito a taco e guacamole. Paguei uns 2 dólares por tudo, mal sabia eu que o resultado da comida no outro dia seria desastroso. No outro dia acordei cedo e fui direto para a base da Dressel, chegando lá o Eduard pediu que esperasse um pouco. Uma hora depois ele me chama em sua sala e diz que conseguiu um trabalho na Republica Dominicana e que eu deveria ir o mais rápido possível. Bom, sai de lá um pouco mais tranqüilo e fui correndo procurar uma passagem para meu novo destino. Fui a umas 3 agências de viagem, e disseram que eu deveria comprar uma passagem de ida e volta, o preço era mais ou menos uns 600 dólares. No final encontrei uma pequena agência onde disseram ser possível forjar a passagem de volta e que eu precisaria comprar só a de ida. Beleza, paguei 320 dólares por uma de primeira classe. Porem só iria viajar 4 dias depois.
Aproveitei esses dias para conhecer o máximo possível do México. Fui a todas as praias de Plaia del Carmem. Nunca tinha visto uma água tão azul em minha vida.Tentei fazer um mergulho, mas o mar estava muito forte e a baia estava fechada para saídas de barco. Fui a um cenote conhecido como Dos Ojos. Ele é a entrada do maior sistema de cavernas alagadas conhecido no mundo. Fiz snokel lá por umas 3 horas, a sensação foi indescritível a visibilidade da água é infinita, as formações de estalactites e estalagmites impressionantes. Fui também conhecer as ruínas da cidade Maia de Tulum, pena que estava sem máquina fotográfica. México é um país lindo, um dia ainda quero voltar. No final o problema do visto foi até bom, pois tive a oportunidade de conhecê-lo. O melhor de tudo é que tudo lá é muito barato, nestes 5 dias gastei apenas 200 dólares.
Saí de Plaia Del Carmem pela manhã do dia 5, depois de uma hora de ônibus cheguei no aeroporto de Cancun, peguei um avião para o Panamá, e de lá para Santo Domingo. Nunca havia viajado de primeira classe antes, é bom demais. Ao sentar na minha cadeira já veio uma aeromoça me perguntando se queria tomar algo. A resposta foi imediata, Wisk. E para o almoço, o sr. gostaria de hambúrguer de Salmão com batatas sote, ou filé mignon ao molho de champignon? Perguntou-me ela. E para acompanhar seu almoço, o que o sr. gostaria de tomar? Claro, Wisk. E depois do seu almoço, o sr. gostaria de tomar mais alguma coisa? (que pergunta idiota, mais um wisk). Sai do avião no Panamá tropeçando, me disseram que eu poderia ficar às 2 horas da escala em uma sala Vip. Tratei de encontrar a bendita sala o mais rápido possível. A sala era incrível, para entrar tinha ate interfone. Lá havia internet, um buffet com queijos finos, snacs, e um bar cheio de Wisk, inclusive um Black Label que fui obrigado a tomar umas 4 doses. Do Panamá até a Republica Dominicana eu não me lembro muito bem o que aconteceu, só sei que tomei mais uma dose de wisk e dormi. Chegando na alfândega, um negão com cara de poucos amigos me perguntou o que eu iria fazer no país com minhas 4 malas, disse que só ia mergulhar e que o equipamento era muito. Ele me pediu uma grana, eu fingi que não entendi e disse que era brasileiro e que tava sem grana. Na porta do aeroporto já tinha um táxi me esperando para me levar à cidade onde eu ia ficar, achei que era perto, mas o motorista me disse que seriam 3 horas de viagem. O cara era muito doido, botou uma música bem alta em espanhol e saiu como doido pela estrada conversamos um pouco, mas acho que em uns 15 minutos eu dormi. Acordei com uma forte freada, tomei um susto desgraçado, vi na frente do carro, na estrada, um homem correndo pelado em nossa direção. O taxista parou o carro, e abriu a janela para falar com o cara. Ele tava sangrando no rosto, conversaram alguma coisa e o motorista deixou o cara entrar no carro. Quase morri de medo, pouco depois deixamos o cara em uma casa. O taxista depois me contou que ele também era motorista de táxi e que tinha acabado de ser assaltado e que aquilo era comum ali. Pensei comigo, puts, em que lugar fui me meter. Quando cheguei no hotel, já era uma hora da manhã. Disseram-me que não havia nenhuma reserva para mim. Depois de conversar muito disseram que já que eu ia trabalhar lá, me dariam um quarto para passar a noite. Na manhã seguinte me apresentei na escola de mergulho umas nove da manhã. Bom, vou parar por aqui senão ninguém vai ler isso...Depois escrevo mais.